Poema de Salazar Moscoso, nascido em Lagos em 1856, publicado em "O Cabaceiro", Ano I, nº 29, Santarém 5/10/1932.
MEDRONHO
É LÁ, POR ONDE VOA A BRAVA ROLA
AOS IDÍLIOS QUE SONHARA
QUE EU BRILHO, COMO BRILHA NUMA SEARA
UMA RÚTILA PAPOULA!
OS MEUS RTEFLEXOS ESTRANHOS
OS MEUS LÚBRICOS FULGORES
INCENDEIAM OS BEIJOS DOS PASTORES
E O VAGUEAR PAUSADO DOS REBANHOS!
DIR-SE-Á QUE, NA SERRA, O VASTO MAR.
TEM RISOS DE CORAL A FLUTUAR!
ENTRE O TOJO, A ESTEVA, O CARDO
E AS SOBREIRAS MUTILADAS
QUE CHORAM, ACOMPANHADAS
DO MONÓTONO MOSCARDO,
NA PAISAGEM, DAS BRENHAS, TÃO SOMBRIA,
SOU NOTA DA ALEGRIA
QUER NUM HÚMIDO BARRANCO,
QUER NUMA ELEVADA CRISTA,
SOU UM PROTESTO VIGOROSO E FRANCO
ONDE SE ESTIMULA A VISTA
QUE ASSIM, SE RETEMPERA E SE REPETE E SE RESGUARDA
DE TANTA COUSATRISTE, AGRESTE E PARDA!
TANTO DEPOIS DE MORTO, COMO VIVO,
EU SOU ALEGRE, EMBRIAGANTE, ACTIVO.
.....................................................................................
SOU UM NÚCLEO DE SONHOS, D´ESPERANÇAS
FAÇO A AMBIÇÃO DAS TÍMIDAS CRIANÇAS;
QUANDO, EM LÍQUIDO, PERCO OS TONS VERMELHOS
INDA, ASSIM, DOU VIGOR AOS TRISTES VELHOS.
....................................................................................
OXALÁ QUE NOS ANTROS LÁ DO INFERNO
TENHAMOS UM OLHAR TÃO FULVO E ... TERNO
Salazar Moscoso
Confraria dos Poetas e Jograis
Monchique há 100 anos
Monchique - Lugar de encontro entre a poesia e o medronho
Esté é um complemento ao blogue http://confrariadomedronhomonchique.blogspot.com
onde se publicarão poemas que se refiram a Monchique ou medronho. Está aberto á participação de poetas cujos poemas se enquadrem na regra estabelecida.
Para os poetas de Monchique, independentemente dos temas abordados, existe outro blogue: http://confrariadospoetasetrovadores.blogspot.com
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Do medronho, suas virtudes
O medronho bebe-se sempre de um trago
Elevam-se ao espírito os seus sabores
E s´algo na vida corre mais aziago
Tomam-se dois copos aos amores.
Cale-se Baco, suas virtudes ao vinho
A alquimia do môsto tem n´aguardente
Os licores, frescura de monte maninho
Laivo d´alegria que faz reviver a gente.
Nest´arte, o destilador, homem paciente
Tem o segredo de séculos por companhia
E ateia mais uma acha de fogo ardente.
Há neste feitiço, o porvir da comunhão
A força-natureza que um sorvo alumia
A Trindade d´Espírito, Destino e Razão.
Américo Telo
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
LEONEL NEVES
Leonel Neves nasceu em Faro em 1921. Foi Técnico Superior do Serviço Meteorológico Nacional e autor de muitos livros para crianças. Na poesia a sua primeira publicação foi em 1940 "Janela Aberta" e a mais tarde, em 1968, publicou "Natural do Algarve", com prefácio de David Mourão-Ferreira. É deste segundo livro que extraímos um poema que tem a Serra de Monchique por tema.
CANÇÃO DA FOIA
No alto da serra
de Monchique não
há meta nem rota.
Acaba-se a Terra...
(A Terra é um pião
e a Fóia a carota.)
De longe é azul,
e ali terra seca,
deserta e parada.
A norte e a sul,
jardim e charneca
são terra, mais nada.
Serra de Monchique,
a mais linda que há
e mais fontes deu
- a quem suba e fique
na Fóia, dará
só pedras e céu.
Lá dormem as nuvens,
lá moram os ventos
e poisam estrelas;
lá, noite, tu vens
sem mãos nem unguentos,
sem frutos nem velas.
Mas de dia, quando
o sol traz com ele
os longes que viu,
o mar é tão grande
do alto daquele
mirante algarvio,
que lá vê a gente
a nau dos milagres
que é todo o Algarve e a
proa em São Vicente
e a bússula em Sagres...
(A Fóia é a gávea.)
Leonel Neves
in "Natural do Algarve"
CANÇÃO DA FOIA
No alto da serra
de Monchique não
há meta nem rota.
Acaba-se a Terra...
(A Terra é um pião
e a Fóia a carota.)
De longe é azul,
e ali terra seca,
deserta e parada.
A norte e a sul,
jardim e charneca
são terra, mais nada.
Serra de Monchique,
a mais linda que há
e mais fontes deu
- a quem suba e fique
na Fóia, dará
só pedras e céu.
Lá dormem as nuvens,
lá moram os ventos
e poisam estrelas;
lá, noite, tu vens
sem mãos nem unguentos,
sem frutos nem velas.
Mas de dia, quando
o sol traz com ele
os longes que viu,
o mar é tão grande
do alto daquele
mirante algarvio,
que lá vê a gente
a nau dos milagres
que é todo o Algarve e a
proa em São Vicente
e a bússula em Sagres...
(A Fóia é a gávea.)
Leonel Neves
in "Natural do Algarve"
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
PAULO ROSA (confrade)
AO MEDRONHO
Lá onde campeia a urze e o estevão
O alecrim, o trovisco e o rosmaninho
E a vida corre, corre, devagarinho
Tem a cepa mais eterna o seu cantão.
Com filhos ao colo de vária geração
Branco, verde, amarelo... O vermelhinho
Após ser destilado ao de mansinho
Transforma a realidade em ilusão.
Já foi fiança de pão, na serrania
E haja apanho ou não, é a valente
Que em casa do serrenho, é cortesia.
Tomada de supetão, ó aguardente
És mãe de bem-estar e alegria
E madrasta da paixão incontinente.
Paulo Rosa (confrade)
(2010)
Lá onde campeia a urze e o estevão
O alecrim, o trovisco e o rosmaninho
E a vida corre, corre, devagarinho
Tem a cepa mais eterna o seu cantão.
Com filhos ao colo de vária geração
Branco, verde, amarelo... O vermelhinho
Após ser destilado ao de mansinho
Transforma a realidade em ilusão.
Já foi fiança de pão, na serrania
E haja apanho ou não, é a valente
Que em casa do serrenho, é cortesia.
Tomada de supetão, ó aguardente
És mãe de bem-estar e alegria
E madrasta da paixão incontinente.
Paulo Rosa (confrade)
(2010)
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
AMÉRICO TELO (confrade)
DONA MELOSA
Melosa és muito famosa mas
sempre andaste a enganar-me,
de braço dado com o mel e
com o medronho a embebedar-me.
Por entre perfumes de canela,
o teu feitiço vem de mansinho,
com mil artes e sabores,
recordas-me o monte maninho.
E para te pores a jeito,
sem percalço ou condição,
trocas o passo à aguardente,
escondes-te no travo do limão.
Mas se pensas que me iludes,
lá por seres tão estouvada,
eu já vi muita donzela
andar com a vida trocada.
portanto
Melosa põe-te a preceito,
dá-me é mais gosto ao paladar
e, pelo mal que tens feito,
vamos os dois já brindar.
Américo Telo (2010)
(confrade)
Melosa és muito famosa mas
sempre andaste a enganar-me,
de braço dado com o mel e
com o medronho a embebedar-me.
Por entre perfumes de canela,
o teu feitiço vem de mansinho,
com mil artes e sabores,
recordas-me o monte maninho.
E para te pores a jeito,
sem percalço ou condição,
trocas o passo à aguardente,
escondes-te no travo do limão.
Mas se pensas que me iludes,
lá por seres tão estouvada,
eu já vi muita donzela
andar com a vida trocada.
portanto
Melosa põe-te a preceito,
dá-me é mais gosto ao paladar
e, pelo mal que tens feito,
vamos os dois já brindar.
Américo Telo (2010)
(confrade)
sábado, 13 de agosto de 2011
JOSÉ DUARTE LIMA ELIAS
MONCHIQUE
Escondida entre serras alterosas
E cercada de matas seculares
Que exalam mil essências odorosas
Que tornam agradáveis os seus ares!
Ela produz as frutas saborosas
Em seus verdes, fresquíssimos pomares...
Róseas frutas, macias e sucosas
Que aprazem aos mais finos paladares.
Lá do cimo da Foia, serra ingente,
Onde brota a cantar constantemente
Um veio de água duma antiga fonte...
A nossa vista fica deslumbrada
Fitando a vastidão ilimitada
Do grandioso, pulquérrimo horizonte.
Petrónio (1)
(1) - Pseudónimo do poeta monchiquense José Duarte Lima Elias: Soneto publicado em 1 de Janeiro de 1932 no "Ecos da Serra", que se publicava em Saboia.
Escondida entre serras alterosas
E cercada de matas seculares
Que exalam mil essências odorosas
Que tornam agradáveis os seus ares!
Ela produz as frutas saborosas
Em seus verdes, fresquíssimos pomares...
Róseas frutas, macias e sucosas
Que aprazem aos mais finos paladares.
Lá do cimo da Foia, serra ingente,
Onde brota a cantar constantemente
Um veio de água duma antiga fonte...
A nossa vista fica deslumbrada
Fitando a vastidão ilimitada
Do grandioso, pulquérrimo horizonte.
Petrónio (1)
(1) - Pseudónimo do poeta monchiquense José Duarte Lima Elias: Soneto publicado em 1 de Janeiro de 1932 no "Ecos da Serra", que se publicava em Saboia.
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