Poema de Salazar Moscoso, nascido em Lagos em 1856, publicado em "O Cabaceiro", Ano I, nº 29, Santarém 5/10/1932.
MEDRONHO
É LÁ, POR ONDE VOA A BRAVA ROLA
AOS IDÍLIOS QUE SONHARA
QUE EU BRILHO, COMO BRILHA NUMA SEARA
UMA RÚTILA PAPOULA!
OS MEUS RTEFLEXOS ESTRANHOS
OS MEUS LÚBRICOS FULGORES
INCENDEIAM OS BEIJOS DOS PASTORES
E O VAGUEAR PAUSADO DOS REBANHOS!
DIR-SE-Á QUE, NA SERRA, O VASTO MAR.
TEM RISOS DE CORAL A FLUTUAR!
ENTRE O TOJO, A ESTEVA, O CARDO
E AS SOBREIRAS MUTILADAS
QUE CHORAM, ACOMPANHADAS
DO MONÓTONO MOSCARDO,
NA PAISAGEM, DAS BRENHAS, TÃO SOMBRIA,
SOU NOTA DA ALEGRIA
QUER NUM HÚMIDO BARRANCO,
QUER NUMA ELEVADA CRISTA,
SOU UM PROTESTO VIGOROSO E FRANCO
ONDE SE ESTIMULA A VISTA
QUE ASSIM, SE RETEMPERA E SE REPETE E SE RESGUARDA
DE TANTA COUSATRISTE, AGRESTE E PARDA!
TANTO DEPOIS DE MORTO, COMO VIVO,
EU SOU ALEGRE, EMBRIAGANTE, ACTIVO.
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SOU UM NÚCLEO DE SONHOS, D´ESPERANÇAS
FAÇO A AMBIÇÃO DAS TÍMIDAS CRIANÇAS;
QUANDO, EM LÍQUIDO, PERCO OS TONS VERMELHOS
INDA, ASSIM, DOU VIGOR AOS TRISTES VELHOS.
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OXALÁ QUE NOS ANTROS LÁ DO INFERNO
TENHAMOS UM OLHAR TÃO FULVO E ... TERNO
Salazar Moscoso
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