Monchique - Lugar de encontro entre a poesia e o medronho

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

LEONEL NEVES

Leonel Neves nasceu em Faro em 1921. Foi Técnico Superior do Serviço Meteorológico Nacional e autor de muitos livros para crianças. Na poesia a sua primeira publicação foi em 1940 "Janela Aberta" e a mais tarde, em 1968, publicou "Natural do Algarve", com prefácio de David Mourão-Ferreira. É deste segundo livro que extraímos um poema que tem a Serra de Monchique por tema.

CANÇÃO DA FOIA


No alto da serra
de Monchique não
há meta nem rota.
Acaba-se a Terra...
(A Terra é um pião
e a Fóia a carota.)


De longe é azul,
e ali terra seca,
deserta e parada.
A norte e a sul,
jardim e charneca
são terra, mais nada.


Serra de Monchique,
a mais linda que há
e mais fontes deu
- a quem suba e fique
na Fóia, dará
só pedras e céu.


Lá dormem as nuvens,
lá moram os ventos
e poisam estrelas;
lá, noite, tu vens
sem mãos nem unguentos,
sem frutos nem velas.


Mas de dia, quando
o sol traz com ele
os longes que viu,
o mar é tão grande
do alto daquele
mirante algarvio,


que lá vê a gente
a nau dos milagres
que é todo o Algarve e a
proa em São Vicente
e a bússula em Sagres...
(A Fóia é a gávea.)


Leonel Neves
in "Natural do Algarve"

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